Clint Eastwood trás mais uma vez um filme denso com bons momentos de descontração para o público, onde ele atua como um velho horticultor que se torna uma “mula”, uma pessoa que provê um serviço de transporte de carga clandestina para os traficantes mexicanos de drogas.
A história não é obtusa nem leve, pois mostra a vida de Earl Stone (Clint Eastwood), um ex-veterano da Guerra da Coreia que se torna horticultor e dedica muito de seu tempo ao seu trabalho, onde a familia é apenas um contratempo para Earl, que custa a ele o casamento e o amor de sua filha. Passando por dificuldades financeiras, Earl tenta reaproximação com sua ex-esposa, a filha e a neta, porém há muito odio entre eles. Suas decisões acabam levando a ele fazer contato com os traficantes que oferecem a ele a chance de ganhar dinheiro dirigindo de um lugar a outro carregando uma carga misteriosa. Enquanto isso, agentes do DEA estão tentando descobrir uma maneira de prender os traficantes.
É nesse ponto que o filme mostra o brilhantismo do roteiro, pois é direcionado a fazer uma pesada critica ao racismo das forças policiais e a sua truculência quando o assunto envolve culpar alguém por ter a cor de pele diferente. Clint faz o papel de um idoso carismático e rabugento, obcecado em se redimir de seus erros passados, mas gosta de ser o centro das atenções. O dinheiro que recebe pelas cargas é usado com boas intenções e faz o público ver a que ponto um homem desesperado pode ir quando o governo lhe tira tudo e ele não tem mais para onde ir. Clint Eastwood mostra momentos de profunda amargura contrabalanceados por ótimos alívios cômicos.
Os principais agentes do DEA são interpretados por Bradley Cooper, Michael Penã e Lawrence Fishburne que interpretam personagens sem muita profundidade, mas dedicados a encontrar uma forma de deter os traficantes. Em diversos momentos, vemos o agente Bates (Cooper) tomar decisões preconceituosas baseado em aparência que não ajudam na investigação.
Essencialmente, “A Mula” é um bom filme de drama pessoal com a direção de Clint Eastwood que consegue extrair boas atuações de seu elenco. Considerando o talento do cineasta, sabemos que poderia ter explorado melhor o roteiro de Nick Schenk e entregado algo mais critico e contundente. O filme é inspirado na história real de Leo “Tata” Sharp, horticultor de 87 anos que se tornou uma mula para o Cartel de Sinaloa. O artigo escrito por Sam Dolnick, editor de esportes e reporter premiado, que contava todos os fatos foi publicado em 2014 na New York Times.
Avaliação:
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