Os fãs do polêmico Goblin Slayer no Japão estão esperando o lançamento da versão de luxo do TTRPG (Table-Talk RPG) desde que a GA Bunko em parceria com a Grupo SNE anunciou o lançamento dele para 15 de maio de 2019.

Goblin Slayer TTRPG tem ilustrações de Noboru Kanazuki, artista responsável pelo visual do mangá, e escrito por Tadaaki Kawato e supervisionado pelo Grupo SNE (criadores do célebre Record of Lodoss War). O sistema do jogo segue um padrão de mercado que foi estabelecido pela SNEe seu mais do que popular Sword World, ou 2d6 system como é conhecido. Goblin Slayer usa o 2D6 system (versão 2.5) que foi lançado em setembro de 2018.

Neste jogo, é possivel criar um personagem a partir das cinco raças (Humano, Elfo, Anão, Lagarto, Rhea) e oito classes (Guerreiro, Escoteiro, Ranger, Feiticeiro, Sacerdote, Sarcedote Dragão e Xamã). Cada uma das raças e classes vem com atributos e perícias específicos que permitem uma boa pluraridade de conceitos. A mecânica de resolução de jogo é totalmente feita a partir da jogada de 2D6 cujo resultado é comparado em tabelas para ataque e dano. O sistema de magia tem coleções de magias diferentes para cada linhagem de magia e força o usuário de magia recitar uma frase ou oração em voz alta.

Dentro da caixa temos um par de dados customizados, um saquinho de feltro com a logomarca da franquia, um escudo do mestre com todas as tabelas, um livro de regras de 448 páginas, uma miniatura de metal do protagonista da série e uma aventura escrita pelo próprio Kumo Kagyu, autor de Goblin Slayer.

Esta edição limitada está sendo vendida a 8500 yenes (cerca de 300 reais) e só pode ser importada do Japão. Há uma pré-venda em diversos sites especializados japoneses como o Rakuten Global Market, porém muitos deles não lidam com envio internacional. A Amazon Japão oferece o produto com um frete aceitável e elegível para o desconto de 10% caso compre algum outro item. Há sites americanos como o Hobby Search que podem facilitar sua aquisição, mas o frete pode sair caro.

ENTENDENDO O TTRPG NO JAPÃO:

Todas as regras são extremamente simples e rápidas, pois o objetivo de um TTRPG é simular uma história curta com ação tática e que seja one-shot (história completa para uma unica sessão de jogo) e que possam reutilização os personagens em outras de mesmo tipo. Diferente do estilo de RPG ocidental, os TTRPG focam mais em desenvolvimento de personagem e tendem a criar uma interação na mesa através de muita conversa (por isso são chamados de “Table-Talk”).

A primeira suposição errada sobre o mercado japonês de RPG é que D&D seja o jogo mais popular, tal como ocorre no resto do mundo. No Japão, o Chamado de Cthulhu, da Chaosium, e outros derivados da obra de H.P. Lovecraft são os mais consumidos. Os maiores produtores de jogos de interpretação japoneses são a F.E.A.R. e o Grupo SNE, mas há uma boa variedade de pequenas editoras que seguem as tendências estabelecidas pelas líderes de mercado.

Devido ao cotidiano de trabalho dos japoneses, raros são os momentos que eles reservam para este tipo de divertimento. Arranjar um grupo de jogo para sistemas como D&D é quase uma jornada heróica por lá, pois os dados poligonais característicos são incomuns no mercado, bem como muitos não tem tempo para ler livros cheios de regras e nuances. Dessa forma, duas coisas ocorrem tanto no mercado japonês de RPG como nas comunidades associadas a ele: simplificação e publicação de replays.

O grupo SNE popularizou o RPG no Japão no momento em que transformaram sua campanha de Dungeons and Dragons chamada “Lodoss” em um anime de grande sucesso mundial e posteriormente em uma série de mangás que complementavam o cenário do mundo de Forcellia. Após essa façanha, eles desenvolveram o jogo Sword World com regras simples, pensando na necessidade de entretenimento rápido e na falta de tempo de seu público. Ler mangás e assistir animes no japão é parte integrante da cultura moderna e há uma infinidade de temas, logo a SNE começou a publicar livretos com relatórios da narrativa de suas partidas de RPG. Estes livretos ganharam o nome de Replay e são extremamente populares entre os japoneses.

O grupo SNE publicou 40 replays de Sword World até 2008 e fez mais de 35 replays até ano passado desde o lançamento da segunda edição de Sword World que trás um cenário diferente de Forcellia.

Graças ao padrão criado pela SNE e pela F.E.A.R., diversos autores e editoras pequenas de TTRPG trouxeram mecânicas variantes e até inovadoras em para o mercado. Um dos principais fatores determinantes para deixar esse mercado vivo e sempre renovando foi a grande ausência de PDFs destes TTRPGs, pois, para os jogadores japoneses, ter a versão física é uma situação mandatória.

Os TRPGs japoneses são incomuns no ocidente pois a tradução para trabalhos japoneses vem da demanda estrangeira deles. É incrivelmente raro, possivelmente inédito, que qualquer editora japonesa de TRPG busque ativamente a tradução de seus produtos para qualquer país, exceto se uma demanda for criada por financiamento coletivo como foi no caso do Ryutama TRPG cuja ambientação é digna dos Estúdios Ghibli.

SUGESTÕES DE TRPGs:

Se você estiver procurando um jogo de fantasia medieval no mercado literário japonês, vá atrás de Sword World 2.5, Alshard, Arianrhod e Ryuutama. Para ficção científica e suspense os títulos Shinobigami, Double Cross, Alshard Gaia são os mais indicados.

Se quiser uma experiência diferenciada, experimente o gênero cyberpunk através de Tokyo NOVA (já em sua quarta edição) ou o faoreste steampunk chamado Terra the Gunslinger, ambos usam mecânicas de cartas bem similares a Castelo Falkenstein!

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